Quando
Deus estabeleceu a Aliança com Abraão e a confirmou no Monte Sinai para Moisés,
estava claro observar que o Senhor desejava firmar um compromisso sólido com o
Seu povo, no caso, os hebreus.
Nessa
aliança havia o compromisso de fidelidade, tanto da parte de Deus, protegendo e
guardando suas vidas, como também do povo, guardando os mandamentos do Senhor.
Infelizmente,
não é o que vemos acontecer em boa parte da história de Israel no Antigo
Testamento. O povo, por várias vezes, se esqueceu de Deus, curvando-se diante
de ídolos e se prostituindo com outros povos. Fizeram aquilo que era abominável
ao Senhor.
Deus
levantou profetas que os alertavam quanto a isso, mas o povo não deu ouvidos ao
Senhor e, como consequência, tanto o Reino do Norte (Israel), como o do Sul
(Judá), foram levados cativos.
Há
uma passagem em que o profeta Jeremias fala claramente a respeito de tudo o que
havia acontecido com o coração do povo e até onde eles chegaram com as suas
práticas pecaminosas.
Em
Jeremias 2.13, lemos: “O meu povo cometeu dois crimes: eles me abandonaram, a
mim, a fonte de água viva; e cavaram as suas próprias cisternas, cisternas
rachadas”. Esse versículo faz parte de um anúncio divino proclamado por
Jeremias ao povo de Judá.
Deus
estava indignado com as atitudes daquele povo e dizia que eles haviam cometido
dois crimes. O primeiro, de abandoná-lO e o segundo, de buscarem em si mesmos a
provisão.
Essas
duas atitudes, as quais Deus chama de crimes, expressam hoje também a quebra da
aliança da Igreja com Deus, firmada pelo sangue de Jesus. Não só naquele tempo,
o povo de Judá desconsiderou a aliança, como muitos hoje também a
desconsideram.
Aliança envolve compromisso mútuo.
O
povo havia afastado-se de Deus revelando que o Senhor não era mais o centro de
suas vidas, nem o consideravam como o Provedor. Eles rejeitaram Aquele que
enchia não só as cisternas de água, mas O que enchia os seus corações com a
Água Viva.
Cavaram
as suas próprias cisternas e buscaram em si mesmos e em suas próprias forças os
recursos para o sustento de suas vidas, famílias, plantações, gado e cidade.
Mas havia um problema: as cisternas que construíam rachavam, a água vazava
pelas rachaduras, e eles não conseguiam armazenar a água para viver.
Toda
dedicação e esforço humano empenhados para cavar e construir as cisternas eram
em vão. Eles as enchiam, mas elas se esvaziavam devido às rachaduras.
Quando
Deus deixa de ser o centro do coração e o homem começa a achar a provisão em si
mesmo, rachaduras no coração aparecerão.
Outro
fato muito interessante nesse versículo é que Deus une duas coisas: o espiritual
com o material. O fato de abandoná-lO (espiritual), resultou em um problema
material, as cisternas rachadas. Philip Yancey, em seu livro Rumores de outro mundo, escreve algo de muita
importância a respeito desses dois mundos, o espiritual e o natural. “O natural
e o sobrenatural não são dois mundos separados, mas diferentes expressões da
mesma realidade”. Embora sejam distintos, há uma dinâmica muito íntima entre
eles. Jesus falou dessa ligação existente entre o natural e o sobrenatural aos
seus discípulos: “...o que você ligar na
terra terá sido ligado nos céus, e o que você desligar na terra terá sido
desligado nos céus” (Mateus 16.19).
Hoje
nos deparamos com o homem em busca de si mesmo. Tudo é feito pelo homem para o
homem. Os valores são puramente terrenos, para a satisfação da própria vontade
humana. Onde está a busca por Deus em nosso meio? Busca-se o sobrenatural, mas
na fonte errada.
A
partir do momento que o homem deixa de buscar a Deus, outras coisas assumirão o
lugar do sagrado em seu coração.
Não
podemos confundir uma adoração genuína ao Senhor com vida religiosa. As duas
coisas são completamente diferentes, embora o objeto seja o mesmo.
Deus
deseja uma adoração genuína e sincera; não algo carregado de obrigações e
rituais.
Na Aliança, somos chamados a uma aproximação com base no amor; não no
cumprimento de atos religiosos. Deus, acima de tudo, deseja o coração.
O
próprio Jesus citou Isaías para alertar o povo a respeito de suas tradições
vazias e da falta de uma adoração verdadeira. “Este povo me honra com os
lábios, mas o seu coração está longe de mim. Em vão me adoram; seus
ensinamentos não passam de regras ensinadas por homens” (Mateus 15.8,9).
Jeremias
tinha em seus lábios uma mensagem para o seu povo naquela geração. Hoje temos a
Palavra de Deus e o Espírito Santo que nos alertam e ensinam a viver com um
coração totalmente voltado para Ele.
A
Igreja precisa aprender a viver a Aliança com Deus.
Autoria do Texto: Carlos Barabás