quinta-feira, 25 de setembro de 2014

"MasterChef"

De longe o cheiro de comida podia ser sentido. Quanto mais ele se aproximava, mais forte, delicioso e tentador aquele cheiro ficava.

Jacó, um excelente chef, especialista no preparo de guisados, sabia muito bem utilizar os temperos e agradar a todos com os seus pratos. Até mesmo um simples ensopado de lentilhas se transformava em um banquete em suas habilidosas mãos.

Quando Jacó preparava a comida, todos sabiam que algo muito gostoso seria servido. Com certeza, seria o vencedor do MasterChef.

Esaú estava voltando do campo. Havia ido caçar. Faminto e exausto. Como dizem por aí, “estava com a fome de um leão”.

Aquele aroma delicioso deixou o caçador ainda mais faminto.  O estômago roncava, suas pernas estavam fracas da longa caminhada.  A tenda de Jacó era o  endereço certo para matar  aquela fome.

Sem cerimônias, Esaú aproximou-se da tenda de seu irmão a tempo de vê-lo finalizando o delicioso  guisado. O caldeirão ainda estava fervendo e Jacó experimentava o último toque de tempero, lambendo a palma da mão, com ar de aprovação.

- Jacó, me deixa  comer desse guisado vermelho. Estou morrendo de fome - disse Esaú ao seu irmão, com ar desesperador.

- É claro que pode comer. Já está pronto. Pegue um prato, os talheres, não esqueça o guardanapo - Jacó respondeu.

A concha cheia do delicioso guisado estava a ponto de ser derramada no prato de Esaú quando Jacó interrompeu dizendo: - Você pode comer, mas antes me vende o direito de primogenitura. Vamos fazer uma troca. Eu dou a comida e você me dá o direito de ser o primogênito.

Prato na mão, concha cheia, estômago vazio.

 - Pode ficar com isso. Estou morrendo de fome. Afinal,  do que me valerá esse direito?
Diante daquela panela, Esaú fez um juramento e selaram aquela “venda”.

- Coma à vontade, meu irmão. Tem muita comida aqui. Pegue esse pedaço de pão e essa taça de vinho também.

Várias conchas de guisado foram derramadas no prato de Esaú. Ele comeu. Encheu a barriga, matou a fome, se levantou satisfeito da mesa e seguiu seu caminho palitando os dentes.

A Bíblia usa uma expressão muito forte a respeito da atitude de Esaú: “Assim Esaú desprezou o seu direito de primogenitura” (Gn.25.34).

É um problema quando a “fome” aperta. Trocas erradas podem acontecer se não soubermos dominar aquilo que fica gritando dentro de nós. No caso de Esaú, o estômago. No nosso caso, as necessidades.

Não abra mão do que pertence a você, mesmo quando algo parece ser atraente, apetitoso e cheiroso.

Esaú em poucas horas estaria com fome novamente. Aquele guisado seria coisa do passado. A fome foi saciada por algum tempo. Mas abrir mão da sua primogenitura custou para ele algo precioso: deixou de receber por direito o dobro da herança de seu pai. “MasterTolice”.

Texto de Carlos Barabás
(Gênesis 25.29-34)


sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Lá vem o sonhador

“Lá vem o sonhador”. Foi essa a frase que os irmãos de José falaram uns aos outros, quando o viram de longe.

Inveja, raiva e ciúmes transpiravam pelos poros daqueles jovens.

Antes mesmo que José se aproximasse de onde estavam uma trama já estava arquitetada para matá-lo.

Sonhadores causam problemas. A cabeça deles está mais no céu do que na terra. “Quem ele pensa que é” dizem os outros. Sonhar pode incomodar muita gente, até mesmo irmãos. Ainda mais quando esses sonhadores usam as suas túnicas coloridas, presenteada pelo pai, diferenciando-se pela diversidade e pelo amor.

Há propósitos nos sonhos que Deus nos dá. Há mensagens. É profético.

Continue a sonhar. Mesmo que alguns torçam seus narizes contra você. Afinal não são todos que entendem sonhos que vem de Deus.

Use a sua túnica colorida.

Mantenha a cabeça no céu.

Sonhe sonhos de Deus.

Bons sonhos...

Texto de Carlos Barabás.
(Gênesis 37.19)


quinta-feira, 11 de setembro de 2014

- O que você está fazendo?

Certo domingo, não muito tempo atrás, eu estava folheando a Bíblia procurando um texto para ler na abertura do culto. Sentei-me ao lado do palco e comecei a ler algumas passagens. Foi quando o Heitor aproximou-se de mim, agachou-se e ficou me observando atentamente, bem quietinho.

Continuei a folhear a Bíblia, só esperando uma reação da parte dele.

Depois de certo tempo, com a voz bem baixinha ele rompe aquele silêncio e pergunta: - O que você está fazendo?

Olhei para que ele, que aguardava uma resposta e disse: - Estou procurando um versículo na Bíblia.

- Achou?
- Ainda não.

A conversa parou por ai mesmo. Ficamos assim por um bom tempo. Eu foleando a Bíblia e ele me observando bem atento e pacientemente. Seus olhinhos se movimentavam rapidamente, ora olhavam para mim, ora para Bíblia.

Essa foto foi tirada sem que nós dois soubéssemos que estávamos sendo fotografados.

Observando essa imagem percebo algumas coisas interessantes. Primeiro: a grande importância que há em formar discípulos. Segundo: a responsabilidade de ensinar os princípios de Deus para a próxima geração. Terceiro: Estamos sendo observados, tanto por aqueles que estão próximos, como por aqueles que estão distantes. Quarto: Temos que ter um coração puro e simples diante do nosso Pastor (Jesus).

Vou guardar essa foto com muito carinho. Uma recordação valiosa.

Sei que daqui a alguns anos, o Heitor também estará folheando a sua Bíblia e outra criança estará a sua frente, como nessa foto.

 “Uma geração contará à outra das tuas obras e anunciará os teus atos poderosos” Salmo 145.4


Texto de Carlos Barabás