Conheci Ajergi, um homem muito rico. Ele é o tipo do sujeito que podemos chamar de “um homem bem-sucedido”. Mora em uma mansão em um bairro luxuoso e também é dono de muitas outras propriedades. Seu meio de transporte é o helicóptero e possui os carros das melhores marcas e modelos. Viaja para onde o seu coração deseja, em qualquer época do ano, e se hospeda nos melhores hotéis. O seu cartão de crédito, assim como ele, não tem limites.
Ele também é muito vaidoso. Veste-se com as melhores grifes e usa os melhores e mais caros perfumes. Está sempre impecável, elegante, cheiroso e bem penteado.
Também gosta de jóias. Vive com um cordão de ouro no pescoço, anéis caríssimos nos dedos e uma grossa pulseira, também de ouro, com o seu nome gravado em letras garrafais. No outro pulso, usa sempre um relógio da sua vasta coleção.
Ajergi não tem problemas com a sua aparência, quando se trata de ser visto pelos outros. Ele gosta de se exibir e de ser admirado. Circula, sem problemas, em todos os meios. Está entre os políticos, empresários e artistas. É uma celebridade no meio da sociedade e frequenta as festas mais badaladas.
Se há algo,posso dizer, que realmente o faz vibrar é a mídia. Isso mesmo, ele gosta dos meios de comunicação. Tem muita desenvoltura e carisma. Não se intimida com as câmeras, sejam elas fotográficas ou filmadoras e não se acanha diante dos microfones.
A ambição de Ajergi também é algo que pode ser notado por todos, deseja sempre mais e mais, nunca está satisfeito. Para ele, sempre existe um degrau a mais para subir.
Sempre valorizou o produto importado. Gosta de tudo o que for internacional: música, literatura, shows e comidas.
Ajergi possui um ar muito misterioso. Misterioso no que diz respeito a não permitir transparecer o que ele realmente sente. Você nunca descobrirá os seus sentimentos, Parece que ele está sempre na mesma temperatura e na mesma velocidade. Nem mais nem menos.
Talvez você diga:
̶ Ele tem tudo; não tem falta de nada. Isto, sim, que é vida!
Verdade. Ele tem tudo; nada lhe falta. Mas ele tem enfrentado um problema que o atormenta há algum tempo: olhar-se no espelho. Isso mesmo! A sua própria imagem o perturba, e muito. Ele gosta de ser visto, mas não gosta de se ver. Raramente vai para a frente de um espelho.
Baixa estima? Não. Algum trauma de infância? Não. Superstição? Medo de quebrar o espelho e ter sete anos de azar? Também não.
Medo de se enxergar? Sim!
Outro dia encontrei-me com ele. Vou contar a você o que lhe aconteceu.
Há algum tempo, Ajergi convidou um homem de Deus para visitá-lo e fazer uma oração – ele sempre foi muito religioso. Nessa visita, após conversarem um pouco sobre tudo, Ajergi começou a abrir o seu coração para o homem de Deus e acabou falando a respeito do medo e da perturbação que sentia em frente ao espelho.
Após ouvir atentamente tudo o que o rico, vaidoso e ambicioso homem dizia, o homem de Deus o desafiou a irem à frente do espelho e, juntos, observarem os seus reflexos.
Relutante e temeroso, a princípio, Ajergi incomodou-se, mas confiou na presença do homem de Deus, que estaria ali ao seu lado. Caminharam até um grande salão cercado por cortinas que cobriam todas as paredes e janelas.
Ajergi puxou um dos lados da cortina, e um imenso espelho surgiu por detrás daqueles finos e delicados tecidos.
Grande foi o espanto do homem de Deus ao ver as imagens no espelho. Viu a sua imagem perfeitamente refletida, mas, ao seu lado, estava um homem caído, sujo como um mendigo de rua, cego e nu.
Embora Ajergi estivesse bem ali, a imagem refletida era totalmente contrária. Não era um truque ou distorção de imagens; era real.
O homem de Deus repetidamente olhava para o espelho e para o homem, e a imagem que via era impressionante.
Foi quando Ajergi estendeu o braço em direção ao espelho, o braço em que tinha a pulseira de ouro gravada com seu nome, e o homem de Deus pôde, então, perceber de quem era, realmente, aquela imagem.
Você quer conhecer a real identidade de Ajergi? Escreva o nome dele em uma folha de papel e a coloque na frente do espelho. Você saberá de quem eu estou falando.
Ajergi – Parte 1 – Autoria do texto : Pr. Carlos Barabás